domingo, 29 de maio de 2011

Perdido

Me falta à essência, o lugar de bater com a bunda na hora da queda e tudo acontece quando mais preciso da minha segurança. O que vejo nestes momentos são tempestades escuras que desaparecem, deixando sempre a promessa de voltar. Nada me satisfaz ao redor e me sinto como bolha de sabão inútil a tudo, menos à minha própria infantilidade resistente ao marmanjo em corrosão silenciosa. Preciso crescer, mas não consigo os meios, a fórmula química para me transformar em adulto imbuído de tudo o que parece não servir pra nada além de um comodismo ao trânsito engarrafado e adequar-me para passar no gargalo,... Depois no outro e no outro sucessivamente. Preciso encontrar a vantagem de tudo isto, para reunir forças e escalar a geleira fria da vida sem desistir dos meus sonhos, diante mão impossíveis de viver, porque exigem de nós, crescer, servir e morrer. Caso contrário será à exclusão dos meios e ficarei a deriva com meu barco, sem tico nem teco. Viver agora é questão de não estar no lugar e hora errada, neste mundo dos adultos insaciáveis, onde os meios não justificam os fins e que balas nos buscam com nome de perdidas. Sei que um celeiro guarda idéias, mas guarda também ciladas em cartas embaralhadas. Apesar do que se possa imaginar, creio que viver é fundamental para se alcançar à vantagem de se ter vivido.

Insanidade

Quero um amor maior, amor maior que eu. Em algum lugar, de vida já ida ou por vir. Impossível decifrar a alma volátil, que deseja algo tão caro quanto pode ser caro um amor maior que eu. O vazar do socorro o poderá jogar do penhasco e não haverá salvação, mas seria a visão procurada e não importaria viver. Afinal, como viver sem amor...maior que eu? Que olha e não vê seu olhar, no Paquistão, no avião... no porão. Quer tanto quanto se pode querer e onde estiver irá ter. Que seja fração o tempo, pois não será sustentável como não é a leveza do ser, em algum lugar, da vida já ida ou por vir. No eterno talvez.

sábado, 28 de maio de 2011

Reguada

Dói muito e não há como anestesiar e quando menos se espera lá vem de novo para ser remendado. Analista é paliativo, uma espécie de colchão para amortecer a queda. Ego é uma parte do cérebro onde se abafa o caso, lugar onde se dá um boi pra não entrar na briga e por esta razão tanta necessidade de se costurar. Não é uma dor convencional como a de barriga, é outra, ensurdecedora que motiva nossos mais sombrios instintos e o trabalho é tentar doma-lo. Não há meios de se contornar, apenas ele invade como um diabinho nossa praia e a tempestade está armada e uma espécie de embaralhar vai se impondo para resgatar a razão. O ego não se convence de nada menos, não aceita a famosa massagem, borbulha como a boca de um vulcão e seu poder é o de definir a razão com absoluta precisão e caso não se resolva amplamente à contenda, ele não abandona seu posto de promotoria. O que se faz muito é ocultá-lo, mas o resultado pode ser catastrófico rondando como uma sombra negra àquele que se atreve a desafia-lo. Todos nós o desafiamos e o resultado é desastroso e menos mal quando apesar de tantos processos arquivados sem solução um se resolve, como se desembaralhasse de repente, nos permitindo prosseguir. Ego é uma espécie de termômetro emocional, um sensor atento de nosso equilíbrio, uma janela entre o espírito e o cérebro, o que é inaceitável para uns e para outros nem tanto. 28.05.11

Cobiça

Você acredita que alguém possa ter inveja de você ? Afasto sempre de mim essas idéias que insistem em telefonar de vez em quando porque minha vida não passa de uma vida trivial, sem brilho, não fede nem cheira. Acho mesmo uma  piada a soma da minha existência porque  as seriedades da sobrevivência associadas à inutilidade dos meus pensamentos, improvisam uma salada estranha, irracional que me fazem querer preservar tudo isto como se fosse  inteligente viver. Creio já ter nascido mais de uma vez sem a coisa de achar a vida um bom negócio.  O que me amansa o coração são as artes. Nada é mais luminoso do que criar. Quando Michelangelo pintou a abóbada   da Capela  Sistina, trabalhando até de cabeça para baixo durante quase quatro anos numa missão, Deus pôs a prova o homem, para ver até onde ia sua capacidade de criar. Obra prima! Posso dizer que sou um turista neste mundo, onde a inveja e a maledicência alcançam supostas vantagens, sobrando mesmo, obras de arte para justificar a vida e a serenidade de espera por um novo movimento, rumo a  compreensão. Como será ? Creio ser desnecessário me invejar, pois isso atrapalha ainda mais a minha vida e a do invejoso também, se é que ele existe. O mundo se move pela inveja e pela cobiça, portanto não é demais achar que algum infeliz possa alimentar tais sentimentos a  meu respeito, mesmo que não haja o que tomar, a não ser, no meu caso, a paciência, o que não é pouco se considerando que penso, logo existo.